Nesta quarta-feira (12), policiais Civis realizaram um protesto na praça Dom Malan, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Estavam presentes, policiais lotados no município, além de servidores das delegacias de Araripina e Ouricuri. A ação faz parte se uma série de manifestações realizadas anteriormente em Recife e Caruaru, pelo Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), que cobram melhores condições de trabalho e valorização profissional da categoria.
As mais de mil cruzes espalhadas na praça Dom Malan simbolizam as vidas perdidas para a violência no estado, em referência ao registro de mais de 3 mil homicídios em 2022. O protesto reuniu policiais do Sertão de Pernambuco. Eles buscam expor para sociedade, a falta de estrutura na segurança pública. Além de mais investimentos na corporação, o sindicato da categoria também reivindica condições dignas de trabalho mais autonomia e valorização profissional.
“A realidade das delegacias do interior é de que elas são casas particulares, mal adaptadas para serem delegacias. Elas não tem condições de atender o policial. Não há muitas vezes papel e água, nem limpeza nas unidades. Então ela não serve para o policial trabalhar e nem atender a população, e essa falta de estrutura junto com a falta de efetivo faz com que a gente não consiga dar conta da quantidade de crimes que acontecem no estado, não só de homicídios, como roubos, furtos e afins”, afirma o presidente do Sinpol, Rafael Cavancanti.
O presidente do Sinpol também reforçou que a situação precária nas delegacias e o número reduzido de policiais contribui para que as investigações de muitos crimes fiquem sem respostas ou se arrastem por anos no estado, como o caso Beatriz que levou seis anos para chegar a um suspeito.
“O problema que nós estamos relatando faz com que nós tenhamos que usar o caso Beatriz como exemplo. Uma demora dessa é injustificada, mas não é por culpa dos policiais civis. É por falta de estrutura, por falta de profissionalismo dentro da Polícia Civil e falta de valorização da base dela. Nós vimos que apenas seis anos depois é que se conseguiu dar uma resposta para um caso tão emblemático. Mas esse foi apenas um caso. Imagino todos os outros casos que ficaram sem resposta”, explica.
“Nós sofremos primeiramente com a falta de efetivo e com o improviso do governo do estado. Várias delegacias estão sem investigação, porque os policiais dessas delegacias tiveram que ser transferidos para delegacias de plantão, que atualmente funciona na delegacia de Araripina e isso compromete investigações em delegacias como Ipubi, Santa Cruz, Santa Filomena e a delegacia de Trindade”.
De acordo com o presidente do Sinpol, durante a pandemia, o cenário da segurança pública ficou ainda pior. Os policias ficaram expostos à criminalidade e também ao vírus, e mais de 130 perderam a vida.
“No começo da pandemia quem teve que fornecer álcool em gel e máscara foi o próprio sindicato, pois o estado negou-se a oferecer isso. E essa é forma que o policial civil geralmente é tratado no estado, jogado a própria sorte e tratado meramente como um número. Quando ele adoece ou morre, ele simplesmente é reposto como se essa vida não importasse”.
O Sinpol também reclama que as negociações com o governo do estado não estão avançando e volta a cobrar soluções, alertando sobre a possibilidade de deflagrar greve.
“Ver nossos chefes que tem funções complementares, ganhando quatro, cinco ou seis vezes mais do que a base, que é quem efetivamente vai a campo, é quem efetivamente realiza as ouvidas e colhe os depoimento, essa é a maior distância que existe. Essa tipo de tratamento diferenciado também ocasiona essa desvalorização e ocasiona uma piora no serviço prestado a população”.
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, informou que está realizando negociações com a categoria.
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